CONSELHEIRO MATA

CONSELHEIRO MATA
ESCOLA NORMAL DE CONSELHEIRO MATA

CONSELHEIRO MATA



Conselheiro Mata
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CONSELHEIRO MATA
Que lugar é este: Conselheiro Mata?
Pois bem, alguns amigos(as) do FB têm visto com frequência, algumas fotos de C.Mata e possivelmente ficam boiando.Pois bem, Conselheiro é mais do que um lugar.Além de um pequeno povoado administrativamente ligado a Diamantina, é lúdico.Na década de 50, D.Helena Antipoff, juntamente com outras amigas, criou neste povoado uma escola para formar professoras que tivessem habilitação para exercer o magistério em escolas ou cidades que faltassem normalistas.Foi criado assim a Escola Normal Oficial Rural D.Joaquim Silvério ( me faltou o outro codinome).Quase na mesma época foi criado o Ginásio Rural Padre José de Carvalho, destinado a jovens oriundos do meio rural, objetivando prepará-los para o exercício de uma atividade agrícola e praticamente, concomitantemente criou-se o Centro de Treinamento de Professoras Rurais.Este centro de treinamento visava dar uma melhor formação a professoras leigas que exerciam o magistério nestas Minas Gerais.Lá estudavam pessoas de várias regiões de Minas, principalmente do norte e do Vale do Jequitinhonha. Os alunos eram internos, dedicação exclusiva, não havia domingos nem feriados e dias santos.Todos os dias era dia de estudo, apresentação de trabalhos, as chamadas hora cívicas com hasteamento das bandeiras de Minas e do Brasil sob o som do Hino Nacional entoado pelos alunos das escolas regido pela brilhante professora Lourdes Moura, tudo isto sob os olhares atentos da extraordinária educadora Lidimanha Augusta Maia, diretora.Todos os dias rezavamos o terço, comandado ou supervisionado pelo Cônego José Marques das Aleluias.Rigoroso, disciplinador e respeitado por todos.A educação ali ministrada era ímpar.Alunos responsáveis por alunos, alunos que se levantavam em respeito aos professores que chegavam, a preocupação era estudar e ser aprovado no fim do ano, professores do melhor escalão: D.Pedrosa, História, Maria das Dores, Português, D.Luizinha, impossível falar em todas.Mas eram professores que formavam professores e preparavam jovens para a vida.Década de 60, acheguei em C.Mata, menino tímido, assustado, saído da zona rural de Água Boa.Me encontrei com outros tantos do mesmo naipe.Diversão, jogar bola, bolinha de gude, pé no bete e "namorar as meninas da escola".Convivência fraterna, estudo diário, inclusive aos domingos, obrigatoriedade de se ler um livro de l5 em l5 dias, com supervisão de professor, obrigatoriedade de se fazer um diário a ser lido e comentado pelos demais colegas na hora do jantar.Obrigação de se decorar uma quadra e declamá- la após a leitura do diário.Obrigatoriedade de se colher notícias e apresentar no horário do almoço aos domingos.Os namoros eram olhares cortantes e a distancia, troca de cartinhas amorosas escondidas dos professores, amores confessados que duravam o semestre, quando muito, féria e visita aos pais somente em julho e final do ano, mas era possível receber visitas dos parentes.Convivência com uma casta de professores de alta formação profissional e moral.Relação professor aluno fraterna ou paterna.Moacir Gomes, saudades sempre, Maria Esteves, tantos...tantos...colegas maravilhosos.Impossível em um texto descrever.Conselheiro Mata.Escolas além do seu tempo.Saudades de todos saudades de vocês.Abração.Até uma outra vez. ( por Francisco Lima )




Horta plantada pelos alunos da Escola
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Ainda Conselheiro Mata:
Hoje, quando se fala em Ecologia, preservação do Meio Ambiente, em Conselheiro Mata já aprendíamos a fazer plantio em curva de nível, a combater erosão a não praticar queimadas.Fala-se em reciclagem.Nas três escolas, Ginásio, Curso de Treinamento e Escola Normal Rural D.Joaquim Silvério de Sousa (obrigado Anita) existiam as esterqueiras. Eram buracos, com aproximadamente 5 m de comprimento por 2 m de profundidade, onde eram depositados os lixos, para posterior aproveitamento nas hortas e pomares.Vejo em redes sociais pálidas campanhas para o retorno de palavras mágicas, obrigado, por favor e com licença.Em Conselheiro Mata isto era rotina e ainda mais: se estávamos assentados quer em sala de aula ou mesmo nos toscos bancos que existiam pelos pátios, a simples chegada de um professor ficávamos de pé e o professor agradecia e dizia: "fiquem a vontade, obrigado".Fico então pensando, quando hoje se tem tanta dificuldade com adolescentes, como esquecer um lugar destes? Como esquecer e não praticar esta educação recebida.Conselheiro Mata para mim é mais do que um lugar, é um tempo que deixou boas marcas.Tenho, ainda, em meus guardados palestras (duas ou três) proferidas pelo inesquecível prof. Moacir, em reuniões dos Clubes Agrícolas. No Ginásio, tínhamos um Clube Agrícola, um Clube Literário Castro Alves, com reuniões mensais, onde os alunos apresentavam suas crônicas (à época falava-se redações) declamavam poesias (José Emilio Pinto) extraordinário declamador.Declamava Castro Alves com maestria, na retina de meus olhos está ele declamando Cachoeira de Paulo Afonso, Navio Negreiro e muitas outras poesias. Além dele outros e mais outros colegas, mas o Zé Emilio (baiano) era incomparável.Na escola das moças também havia o Clube Literário e as meninas apresentavam também suas crônicas ( belas, românticas, estilo naturalista) e recitavam, os homens declamavam as mulheres recitavam.É bom e maravilhoso lembrar desta época, deste lugar e se vc é ou conhece algum ex-aluno(a) de Conselheiro Mata, lhe agradeço se estabelecer contato comigo.O texto foi escrito ao correr da pena, para quem sabe ler um risco é Francisco. Abração. 
Francisco Lima é ex-aluno de Conselheiro Mata, nascido em Água Boa e residente em Divinópolis.



Turma do Ginásio de  Conselheiro Mata
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OROZIMBO DE ASSIS PEREIRA
 Prezado Francisco, como você sempre lembro de Conselheiro Mata com uma gratidão dificil de medir, ou impossível. A minha formação academica , como cidadão e como homem o alicerce de tudo isso foi iniciado lá. E com muito orgulho nunca deixei e não deixarei de citá-la em todas oportunidades que tenho. Agora mesmo estou lembrando e sei que você tambem vai lembrar, sua memoria é prodigiosa. Quando a Escola Normal fez 15 anos, teve um concurso interno no nosso Ginasio para escolher uma frase, para homenagear a Escola, e a vencedora foi de autoria de Gilberto Castro Maia, da cidade de Juramento - MG. " O GINASIO QUE É FILHO JOVEM DA ESCOLA QUER NESTE INSTANTE SAUDÁ-LA" , a mesma foi pintada em uma faixa e foi colocada de frente o Ginasio e Curso de Treinamento. Lembras ???.

Orozimbo De Assis Pereira " Escola, tu es para mim o meu segundo lar; Em ti sempre teremos algo que amar; Enquanto tu existires no basilio chão; Nem mesmo os horizontes nos separarão. Tiveste o augusto nome D. Joaquim Silverio como pedestal; Achaste em Dona Lidimanha um fundamento certo de nobre ideal; Vê sempre em teus professores aqueles que preparam as mestras do porvir; Acolhe as tuas alunas que aqui chegaram para não mais partir. A musica para esta letra foi copiada daquela musica do cantor Carlos José --QUERIA.

12 comentários:

  1. Oi Francisco, todas as ex-alunas da Escola de Conselheiro Mata que acompanham nosso Blog foram premiadas com seu texto, elas irão se deliciar com suas bem traçadas linhas, cheias de lembranças daqueles bons tempos. Fazer o Blog foi gratificante pra mim, pelos contatos que promovi entre as colegas e pelas emoções que ele despertou através de fotos e textos. Esperamos continuar contando com você e suas lembranças, que podem ser postadas diretamente no Blog, www.conselheiromata.blogspot.com.br , através dos comentários ou mesmo no Facebook, que é uma ferramenta fantástica para encontrar pessoas. Continuarei ligada nas suas postagens, foi um prazer conhecê-lo.Ione Alvares Abreu

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  2. Francisco e Orozimbo, lembro de vocês e de tudo que foi relatado. Quanto a frase do Ginásio homenageando a Escola, realmente foi do Gilberto Castro Maia. O Zé Emílio era de Espinosa, MG e declamava maravilhosamente bem. O Elvércio, de Monjolos, MG, era de nós, o que melhor escrevia. Visitem o Blog dele http://poeiraeflor.blogspot.com.br/ e vocês na certa gostarão de ver o trabalho que ele faz. Meu Deus, como era bom o tempo do Ginásio! Os professores Joab, Celito, Moacir e tantos outros, eram amigos, conselheiros e participavam das partidas de futebol jogadas pelos alunos aos domingos,sem no entanto deixar ferir a disciplina e a hierarquia do regime ginasial.Sinto saudades do trabalho na agricultura, das missas (obrigatórias) aos domingos, o banho na piscina natural, os filmes que assistíamos no Colégio, o mingau de fubá servido no café da manhã e mesmo das broncas do maravilhoso Cônego Aleluia, os pênaltes. Perdão se eu estiver errado, mas o Afrânio era irmão do Francisco? Obrigado a vocês por tantas boas recordações.
    Ione, parabéns pela iniciativa de nos propiciar a oportunidade de revivermos Conselheiro Mata. Sou de Rodeador, MG. Hoje resido em Araxá, Mg. Um abraço, Vitor Hugo Nadir de Souza. E-mail vitorhbotafogo@hotmail.com

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  3. Ione, parabens pela iniciativa. Deixaste-nos mais felizes. Não consigo o contato com Francisco Lima e por isso usei o teu espaço. Aproveitei para deixar uma singela poesia sobre Conselheiro Matta. De inicio eu pensei que essa página fosse do Chico...perdoa-me.

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  4. CONSELHEIRO MATTA ; DE TANTOS ENCANTOS

    Nascente sagrada de sonhos dourados,
    Uníssonos cânticos e preces domingueiras,
    Do primeiro flerte e incontidas inspirações,
    De mirins poetas suas poesias primeiras.

    Nas largas avenidas de verdes sonhos,
    Como mãe de almas de todos os recantos,
    Acolheste-me com doces braços maternais
    À luz do saber e de todos os encantos.

    Brilhavas aos olhos na dança dos seixos,
    Qual jóia preciosa entre granitos cravada...
    Foste meu o altar de todas minhas preces,
    No cerne de minhas buscas a fé entalhada.

    Revérberos de cadentes estrelas nas águas
    De tuas cascatas...melenas em cristais
    O orvalhar das flores de doces atalhos
    Em busca da seiva dos teus mananciais.

    Sonhos de infância na alma adolesceram
    Poucos anos vividos em tão doce ninho...
    Por dentro cresci sob a doutrina do bem
    Ao aurorejar da vida do sonhado caminho.

    Lembranças amargas de doçuras distantes,
    Deixadas no momento de nossas partidas...
    Juntas aos vagões do trem derradeiro
    Saudades apinhadas e lágrimas contidas

    No aurorecer de incertas e distantes datas,
    Entre azuis montanhas que um dia fitei,
    Sem nidificar morada, teus filhos partiram...
    Quais aves migratórias eu também voei!

    Nas curvas recônditas de tantos destinos
    Dos mestres restaram pegadas ancestrais;
    Mestres a quem tanto devo meus passos
    Nas sendas iniciadas de teus pedregais.

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  5. Matuto, mateiro, seja como for, eu venho de lá de trás daqueles montes e rígidos rochedos, onde se cultiva o obedecer e o vento faz suas preces à sombra de seus ciprestes... sua escola foi meu altar e a minha fé. No ar a essência e nos regatos o burburinho que regurgita nos poemas...Poemas ardentes ...que surgem das bocas de sorrisos prontos, dos meninos que por lá habitam com seus estros de poetas e a prudência dos doutores . Terra dourada em que de ouro as mãos se enchem nas abas de seus rios, no colo dos pedregais, onde tudo se purifica nos cristais de seu orvalho e a brisa é canção. Trago no rosto um sorriso pronto e um punhado de sabedoria garimpada em seu ventre sagrado. Trago na poética o tempero do luar e a cautela do tropeiro, ao encontro de sua subjetividade...herdei dos fortes o olhar sereno e as mãos calejadas do lenhador.

    Protegida por uma elipse gigante de montanhas verdes, reveste-se de capitosa magia e se entrega aos corações de seus poetas...o inerte ganha vida! Lourecidos campos onde a essência é purificada e as estrelas nidificam suas pousadas. Conselheiro Matta, um brilhante cravado entre rochas e bocainas, de arregoados despenhadeiros, protegida das eólicas fúrias que erodem altares, fulgura graciosa na passarela de nossas emoções! Lúbricas trilhas se emaranham pelas ásperas escarpas, destino natural dos garimpeiros em busca de tesouros e que ensandecidos se embrenham nas tramas verdes da selvagem mata, destemidos e fortes, filhos do lugar!

    - Conselheiro, foi de ti que o melhor extraímos, tirando-te o néctar da sabedoria; a simplicidade. Foi contigo que aprendemos a amar e respeitar a natureza e as pessoas . Ensinaste-nos as melhores lições da simplicidade ao nos estenderes pelas ruas o imenso e aveludado tapete enverdecido, sobre os quais perfilávamos obedientes e orgulhosos. Foi por aí que aprendemos a respeitar e entender o gorjeio dos pássaros que nos impunham silêncio e também o ziguezague das borboletas em voos e os segredos de seus encantos. Foi por aí que muitos de nós tivemos o primeiro amor. Foi contigo que captamos as primeiras notas e solfejos, as primeiras poesias e o sabor do aprender, o suficiente para nossa sobrevivência. Por isso e tantas outras razões te veneramos e carregamos essa saudade que nenhum Conselheiro Matta.

    por Elvécio-ex-aluno-com saudades mil.

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  6. TEMPO DE INTERNATO- CONS. MATTA

    Falar de ti é prestar reverencia ao sagrado altar, onde nasceu a nossa fé !...É cultuar o divino das sensações que se não descrevem com merecida grandeza!...É render-se, é curvar-se...é entregar-se por um todo aos mistérios de tantos encantos, quando por magia nasce um rosto a cada instante, na adolescência que aflora em teus cânticos ...em cada canto, onde a maestria habita, e faz morada o passional e a poética. Trazes no lirismo a tua historia e no inculto o desafio, quando no homem é a tua busca. És tu, digo então, a referência do sou, do somos, ...do posso, do podemos...de tudo que somos até no mais dos nossos íntimos; estou falando de simplicidade, de amizade, de conduta, de saudades...essa aguardência que nos reveste de coragem e do diferente, do sem medo de amar, do se dar, se doar.

    Tantos rostos mudados inundaram-se de beleza no testemunho de tuas águas brilhantes, de cachoeiras prateadas, murmurejantes e sagradas. Rostos curiosos que mudaram seus traços e aparências, na flor das águas refletidos e contemplados.Benditos foram aqueles instantes de mudanças e surpresas onde do feio surgiu o belo da puberdade!... Benditas sejam essas nossas saudades...como benditas foram dos mestres a sabedoria e a luz... a forma e o seu credo.

    Conselheiro Matta, o começo de tudo, de nossas distâncias, dos nossos apegos e aconchegos, de nosso credo e nosso Deus, De nossas manhãs e horizontes, De nossos amores e loucuras e principalmente do que veio depois.

    Por Elvécio- ex-aluno

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  7. PEDAÇOS DE CANÇÃO...é do tempo o meu tempo que...singela homenagem a Dona Lourdes que antes de partir pediu-me uma canção. Mas vindo a falecer uma semana depois, tentei, com lágrimas, terminar a solicitada canção. VENTO QUE BALANÇA A PALHA DO COQUEIRO...VENTO QUE ...ou mesmo: OLHA O TOMBO DA JANGADA NAS ONDAS DO MAR!

    PEDAÇOS DE CANÇÃO- à Dona Lourdes Moura, com apreço e muito carinho.

    É do tempo o meu tempo
    Que eu tirei pra sonhar,
    Que eu tenho pra buscar
    Pedaços de uma canção...
    De uma linda canção
    Que nunca terminei!...
    Era pra você essa canção
    Que ao compor eu tentei
    Convencê-la a ficar!...
    Canção pedindo pra você
    Não me deixar...
    Mas você não me ouviu
    E sem um adeus você partiu!...

    Esse maldito tempo
    Que eu tirei pra sonhar!...
    Pelos caminhos que faço,
    Eu tento achar pedaços,
    Pedaços que eram seus
    Em minha única canção!
    Falavam de um amor perdido,
    Encontro de novos sentidos,
    Pedaços de outros caminhos,
    Pedaços de novas ilusões...
    Então agora sem medo,
    Descubro em seus segredos
    Pedaços de outras canções.

    Do livro Poeira e Flor vol. I

    Por elvécio - ex-aluno.

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  8. DE VOLTA A CONSELHEIRO MATTA....

    TÃO GRACIOSA COMO NUNCA A VIU ALGUÉM
    AOS DOBRES DE BOAS NOVAS DOS TEUS VELHOS SINOS!
    EMBALAVAS EM TEUS BRAÇOS OS NOSSOS SONHOS,
    DE LUZ PINTAVAS NOSSOS OLHOS DE MENINOS.

    GUARDAMOS NA TULHA DE NOSSOS SENTIMENTOS
    OS SABORES E DOÇURAS DE TUAS PRIMAVERAS...
    D OS TEUS CIPRESTES O AROMA NÃO ENCONTRAMOS...
    E SOBRE OS MUROS RUÍDOS NEM AS FOLHAS DE HERAS.

    O BURBURINHO GOSTOSO DE TANTOS GAROTOS
    PELAS ALAMEDAS ESTENDIDAS NÃO SE OUVE MAIS!
    SOBRE TEMPOS ANTIGOS ...EM SAUDOSA ERA,
    O AMARELIDO DAS CORES DOS TEUS CAPINZAIS.

    SUSPIROS LASTIMOSOS DE MELÍFLUAS SAUDADES!...
    NÃO HÁ OS POETAS NOS JARDINS DE TUAS ESPERAS,
    NEM AS CANÇÕES DE TUAS GRACIOSAS VERTENTES,
    NEM O PERFUME DAS FLORES QUE DETIVERAS.

    BARULHENTAS, AGORA SILENTES CASCATAS CHORAM
    A AUSÊNCIA DE TANTOS QUE SE ALI BANHARAM...
    NAS LUCERNAS AS GUIRLANDAS SEMBRAM MOMENTOS;
    RESSUMANDO DOS OLHOS SAUDADES QUE RESTARAM!...

    QUEDAM DOS CAMPOS LOIRAS AS GUEDELHAS
    QUE ERIÇADAS BAILAM AO VENTO SOPRANTE,
    QUE TALVEZ DE CARÊNCIA NAS CUMIEIRAS E BEIRAIS,
    RESVALA EM LAMENTOS SUA AGRURA CORTANTE.

    NA EXISTÊNCIA PASSAGEIRA DE OUTONOS DISTANTES,
    SOPRAM OS VENTOS EM CONVULSÕES SOMBRIAS...
    EM CLARAS NOITES DE SONHOS INTERROMPIDOS,
    NO CAIR DO ORVALHO AO ENTARDECER DOS DIAS.

    ESTA SAUDADE QUE NUNCA SEI QUANDO ME VEM,
    DO QUANTO TEUS OUTONOS VIVEMOS SEM MEDO;
    NO CULTIVO DA FÉ, NOS CONSELHOS DOS MESTRES,
    NO VERDOR DAS SEARAS DE TEU VASTO ALVOREDO.

    NÃO MAIS VEJO A GRAÇA DE TUAS VERDES ALAMEDAS,
    NEM DO CAMPO A BELEZA DE TUAS AQUARELAS,
    NEM OUÇO OS BIMBALHOS DO SINO AOS DOMINGOS,
    CHAMANDO PARA A MISSA TUAS DOCES DONZELAS

    PELAS VEREDAS, PELAS ENCOSTAS E TEUS AREAIS,
    FOMOS TEUS OS MENINOS QUE ANOS BRINCARAM
    EM BUSCA DOS TEUS VALORES QUE ERAM TANTOS...
    E APENAS NOSSAS PEGADAS PARA TI RESTARAM.

    DEIXAMOS-TE VASIAS TUAS RUAS E AS VEREDAS,
    TEUS JANEIROS GRISALHOS SEM LUZES E SEM COR...
    TROUXEMOS LEMBRANÇAS DE NOSSAS MOCIDADES
    EM QUE FELIZES VIVEMOS OS INSTANTES DE AMOR.

    GUARDAMOS NA TULHA DE NOSSOS SENTIMENTOS
    OS SABORES E DOÇURAS DE TUAS PRIMAVERAS...
    D OS TEUS CIPRESTES O AROMA NÃO ENCONTRAMOS...
    E SOBRE OS MUROS RUÍDOS NEM AS FOLHAS DE HERAS.

    NÃO VEJO A MARIA DOS APITOS E FUMAÇAS
    CADÊ NOSSA ESTAÇÃO PEQUENINA DO TREM?!
    POR CERTO NAS NOSSAS DESPEDIDAS DERRADEIRAS,
    DE TANTA SAUDADE TENHA PARTIDO TAMBÉM.

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  9. Quero parabenizar o Chico Lima e o Orozimbo pelas belas descrições ao se referirem a Conselheiro e nossos hábitos do dia a dia, vivenciado por uma família que se dispersou.
    -É assim mesmo; cada um em busca de seu próprio destino, de outras paragens! Parabens, meu caro irmão Chico lima e meu caro Orozimbo.

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  10. LENIR PAIXÕES-CONSELHEIRO MATTA

    NOS DESVÃOS DAS MANSARDAS TRISTES...
    O VENTO CORTANTE QUE MURMURA E CHORA
    LAMENTANDO A DOR DO SILENCIO FRIO, OU
    PELAS JOVENS DEIDADES QUE SE FORAM EMBORA.

    NOS BEIRAIS DA TORRE DA CAPELA BRANCA...
    POALHAS RESTAM DE CANÇÕES SOMBRIAS!
    NÃO MAIS SE OUVE O BIMBALHAR DO SINO,
    NEM MAIS OS CÂNTICOS DAS AVE- MARIAS.

    AO SILENTE DILÚCULO DAS ATUAIS MANHÃS,
    SONOROS GORJEIOS LACRIMAM AS DORES,
    SÃO TRISTES PÁSSAROS CHORANDO PERDAS
    DAS ERAS DISTANTES DOS TEUS DOCES ALVORES.

    ESTENDE-SE O VERDE AINDA QUE SEM A GRAÇA
    DOS IDOS TEMPOS DE MOMENTOS VIVIDOS...
    SOBRE TAPETES DE GRAMAS ORVALHADAS, OU
    SOB AS FOLHAS DOS PALMARES TEUS UMEDECIDOS.

    NO DESTELO DO LUAR QUE AINDA CLAREIA
    AS GUEDELHAS DOIRADAS DE TEUS CAPINZAIS,
    VADIAM AS SOMBRAS DE NUVENS ESPARSAS
    NAS BRANCAS REENTRÂNCIAS DOS TEUS AREAIS.

    LÉPIDOS GAROTOS EM PRIMÓRDIOS INSTANTES,
    VIVIAM A BRINCAR SOBRE GRAMAS ESPRAIADAS!
    DA ALEGRIA A SEIVA NAS PISCINAS BUSCAVAM ...
    MERGULHOS PROFUNDOS NAS ÁGUAS ESPELHADAS.

    CENTELHAS DE ESPERANÇA MERGULHAVAM NOS OLHOS
    DE INFANTIS CRIATURAS...DE SONHOS COLORIDOS!
    AOS SORRISOS DAS AURORAS GRACIOSAS E PURAS,
    ÀS INTRÉPIDAS VONTADES, TALENTOS ADORMECIDOS.

    PERFUMES EXALAM DO VERDOR TEUS CAMPOS,
    AOS HALOS ESTELARES MURMURAM AS CASCATAS,
    EM TRIBUTO AOS AUSENTES MESTRES DOTADOS
    DE FÉ, DE VIRTUDE E DE SAPIÊNCIA INATAS.

    NÃO RARO NA ALMA TRAGO MEUS DESENGANOS,
    DUM AMAR SEM CURA QUE POR AQUI FLORIU...
    NA DESPEDIDA, PARTI CHORANDO RUNO AO NORTE,
    NO PEQUENO TREM, ELA FELIZ PARA O SUL PARTIU.

    SOBRE AS ÁGUAS DO RIACHO CAUDALOSO
    GOTÍCULAS DO TEMPO DE MEUS OLHOS CAEM
    RESSUMANDO A DOR QUE NO PEITO TRAGO,
    NOS VÓRTICES DAS PAIXÕES QUE ME ATRAEM.

    WWW.POEIRAEFLOR.COM.BR - VISITEM-ME

    do livro poeira e flor vol II

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  11. O QUARTO
    Coordenadas: Noite de sexta-feira, colégio interno, gramado em frente ao Lar masculino.
    Hoje não temos horário de estudo, então alguns grupos de pirralhos se espalhavam pelos arredores para poder “conversar fiado”.
    Meu amigo Boi Bufa me falava algo sobre os clips novos daquele programa da Band “clipmania” e nós fazíamos um ranking dos melhores, e falávamos tão seriamente sobre isso que dava a impressão que isso era de fato importante...rs
    No quarto 3 um rádio relógio antigo estava ligado e sintonizado provavelmente em alguma estação de Diamantina, uma boa melodia soava em nossos ouvidos adolescentes, uma bela música internacional... e esse era o charme, porque como não sabíamos nada em inglês, imaginámos a letra que quiséssemos. E a letra que eu imaginava era muito bonita...rs
    Boi Bufa enfim terminou suas observações sobre o clip dos “backestreetboys”... Só ouvia agora a bela canção e alguns grilos...
    Trancei meus dedos e elevei minhas duas mãos atrás da minha cabeça, improvisando um travesseiro manual... Deitei sobre a grama fria e percebi 3 sons distintos; a água que corria em frente ao lar, a música do rádio e os grilos.
    O som era ótimo pano de fundo para a ocasião, bela trilha sonora, apenas os grilos eram um pouco desafinados, más deixa estar,,, As vezes só um defeito pode melhorar oque já é perfeito!
    Com essa mistura sonora, deitado na grama, olhando o céu de conselheiro, COMEÇA a cair uma brisa suave e minha cabeça COMEÇA uma de suas costumeiras “viagens excêntricas”:
    _Sempre achei interessante a ideia de ser por um instante “invisível”, observar as coisas sem alterar os acontecimentos e as reações, ver como funciona aquilo que eu não posso ver... Eu até sabia o lugar em que eu gostaria de testar esse suposto e imaginário poder. No lar feminino! Rs
    Calma leitora maliciosa, não era pra isso que estas pensando, não era para ver-lhes usando menores vestimentas...rs
    Era sim para observar oque minhas colegas faziam de interessante entre aquelas grandes paredes, os casos, as brincadeiras, os bordados, as histórias, sobre quem e oque falavam e ver um pouco, só um pouco, através de uma fresta, por um buraco de fechadura; ver-lhes usando menores vestimentas...rs
    Pra mim aquele lugar era fascinate, era como uma grande colmeia de ninfas, gostaria muito de observa-lo calmamente, como um cientista observa cuidadosamente através do microscópio... Curiosidade juvenil, aguçada talvez pelo fato de ser proibido. Sim! Esse era o tempero que realçava o sabor da tentação... A proibição!
    No fundo a imagem que mais gostava e imaginava de seus dormitórios...; Era O QUARTO, com suas imensas janelas de vidro que deixava passar a luz da lua, todas deitadas e seguras, uma leve brisa caindo sobre os telhados antigos, “aquela garota” olhando o céu de conselheiro e ouvindo ao fundo tocar uma bela música internacional, a qual ela pudesse imaginar uma letra bonita, tocando em um rádio relógio de uma estação FM de Diamantina. Tudo isso embalado e protegido na inocência de um QUARTO do lar feminino...

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